At work
Tenho um plano. O de sempre: dominar o mundo. Este ano também.
Trinta e três anos, quase cem quilos e um humor de dinossauro. Cds empilhados na mesa de trabalho – que é exatamente esta onde se encontra meu computador, meus charutos e meus óculos escuros. Uma olhadela mais atenta à pilha pode atestar que tenho estudado com afinco os digníssimos senhores cuja natureza é de crooner dissidente. Os mesmos suspeitos de sempre: Wander Wildner, Marcelo Nova, Nick Cave, Shane MacGowan, Leonard Cohen, Tom Waits e Serge Gainsbourg.
Mas não se preocupem comigo. Eu sou um homem de família.
Falando em Gainsbourg, finalmente li “Um punhado de Gitanes”, biografia escrita por Sylvie Simons, traduzida por Juliana Lemos e publicada por estes lados pela Editora Barracuda. E também encarei “Por que se mete, porra ?”, livro reunindo textos, fotos e desenhos de Paulo César Peréio. Tudo organizado por Pinky Wainer e publicado pela Editora do Bispo. Tive fôlego também para “Coração envenenado – minha vida com os Ramones”, de Dee Dee Ramone e Verônica Koffman, que também saiu pela Barracuda. E ainda escarafunchei "O Baú do Raul: revirado", de Sílvio Essinger, lançado pela Ediouro.
Memórias, memórias, memórias. Eu já disse que tenho um plano ?
Também me vi envolto por onomatopéias. Passei batido pela Flip – que, desde sempre, achei que deve ser um tremendo porre. Participei de uma mesa da versão carioca da Flap – evento que poderia ter rendido muito mais. Aplaudi bastante a Flop – nem mesmo a “crise das empresas aéreas” diminuiu a importância deste festival literário. Em relação aos livros-de-escritores-brasileiros-contemporâneos-que-mereceram-
destaque-na-imprensa-especializada, só posso mesmo fazer top top. Do meu lado, fico a apreciar gente como Marcelo Sahea, Antonio Mariano, Índigo e Tadeu Sarmento – e ainda estou devendo, exceto ao último, as devidas resenhas.
E daí vem a deixa: ando sem paciência para a literatura, ando sem paciência para escrever. O que é fácil perceber, ao olhar o espaço entre esta postagem e a anterior. Mas acabei cedendo e agora divido um espaço quinzenal com a cara amiga Rocca Stockler no site LivinRooom. A bagaça se chama “Não faço idéia” – eu não teria encontrado nome melhor, uma vez que não sei até quando vou aturar escrever. Possivelmente, vocês deverão encontrar por aqueles lados alguém mais humorado do que este sujeito barbado que soca o teclado do computador.
Mas se ando sem paciência para a literatura – acredito que o ano passado não foi bacana nesse sentido –, não posso dizer o mesmo da produção acadêmica. No segundo semestre, orientei duas monografias das quais muito me orgulho. Uma sobre a idéia que defendo, a atuação do webjornalista como “cartógrafo de informação”, e a outra abordando o papel do jornalista na Internet como “profissional sentado”. Sobre a dupla – Pedro Penido e Fernanda Abras – que escreveu a primeira, sou um completo suspeito para falar algo. Ele é – até fevereiro – bolsista da pesquisa que coordeno, intitulada “Participatory Journalism: práticas e papéis dos jornalistas na Internet”. Ela foi – até dezembro – monitora do Laboratório de Jornalismo Digital na Universidade Fumec, também sob minha responsabilidade.
[aliás, este laboratório merece todo um capítulo à parte deste post, pois se trata de um verdadeiro sitcom. se você visse as cenas que se desenrolam por ali todo dia, entenderia o que realmente significa “diversão levada à sério”.]
Eu não costumo dizer “o império se expande” à toa.
Essa mesma consonância permitiu a realização do I Seminário sobre Convergência Digital e Cibercultura na Fumec, em novembro. Três dias com palestras de caras pessoas como Eugênio Trivinho (PUC-SP), Carla Coscarelli (PosLin-UFMG), Ana Elisa Ribeiro (Cefet-MG), Sérgio Rosa (Overmundo), Drica Veloso (Cultura Digital), Márcio Augusto (BHTec) e Dalton Leal (Fumec). Sim, eu também palestrei, porque não fui bobo de não me meter num momento histórico como esse. Para esse ano, a saga continua, uma vez que o evento se transformou em um projeto de extensão. Assim, teremos dois módulos por semestre: cada um com três dias e cada dia com dois palestrantes. A lista das grandes presenças começa a ser preparada e em breve será passada às mãos de Ana Paula Condessa, bolsista que vai ter que me aturar por todo 2007. Do mesmo modo, seus colegas de classe, Mariana Celle e Felipe Torres nunca mais serão os mesmos, uma vez que trabalharão comigo na pesquisa – renovada por mais doze meses –, com a previsão de criar um site-referência sobre webjornalismo participativo.
Chibatadas, chibatadas, chibatadas.
De Campos, para onde levei esposa e filho para passar Natal com meus pais, trouxe um Cohiba que me foi presenteado pelo irmão-em-armas Jules Rimet – um dos mais talentosos escritores que conheço e que, apesar de completamente pervertido, vai ser pai esse ano. Um Cohiba, como se sabe, deve ser degustado em momentos especiais – ainda mais quando é presente. Acho que vou parar este texto por aqui e ir até a janela da área do apartamento fumar este charuto.
Eu estou de férias. E o Diabo é Deus a cada sete dias.
8 Comments:
Do "Báu revirado" eu só tive o prazer de ouvir o CD de raridades (pirateado da net, infelizmente!).
Te confesso que tenho um pouco de preguiça de ler/ouvir opinião dos outros sobre o Raulzito. Aquelas velhas opiniões formadas sobre a importância do então furuto mago Paulo Coelho [preconceito in] infelizmente, ele foi importante sim [/preconceito off] e sobre a viuvez do Marcelo Nova, fazendo desde um mero coadjuvante da biografia do Raul. Um sacrilégio, afinal, os dois são os donos das mentes mais insanas da Bahia! Espero que o Essinger não tenha cometido tal pecado!
E haja literatura insana... Pereio e Dee Dee... rsrs! sensacional! De insano, nessas férias só li os ensaios de "Os Simpsons e a filosofia", é mto bom, recomendo, mesmo sendo vc um exterminador-intelectual dos enlatados norte-americanos... hehe!
"At work"? Bom demais, cabeça vazia, oficina do diabo...
Um 2007 de mto work pra vc e viagens aos encontros do Flep e o Flup, os que faltaram em 2006!!!
hehehe
By Anônimo, at 15:57
É isso aí, malacomano. Ferro na boneca em 2007.
By João Filho, at 22:25
Apesar de todo academismo contido no seu texto-desabafo-resenha literária, ao menos vc apareceu! E é sempre legal ler vc. Essa história de andar de saco cheio de literatura, deve ser algum vírus, pois tb andei acometida por esta doença. E, pior: sem saco pra ler blogs e outros tantos assassinatos lítero-visuais do gênero. Talvez por isso esse mundo internáutico estivesse enfadonho: faltava vc...rs
Saravá, Exu! Providenciando um despacho aqui pra ver se as letrinhas voltam!
By Thaty Marcondes, at 09:07
Eu também tô de saco cheio.
Tomara que tenha sido um final de 2006 e não um início de 2007...
Loviu.
By Anônimo, at 12:44
Um abração, Saúde e muita coragem nesse ano, brother! Abração!
By marcelo sahea, at 11:35
É isso aí!!! Muita anarquia, porque o carnaval está aííí!!!
Abs,
By Anônimo, at 18:42
rafaela, "o baú ..." é bacana mesmo. o essinger conseguiu acertar a mao - ao menos nesse livro. nada de extraordinario, mas vale ter na biblioteca. qto ao paulo coelho, desculpe-me, mas eu nao falo sobre lixo nao-reciclavel.
joao filho, gracias, hombre. 2006 tb foi literariamente ruim pq sujeito deixou vc de lado. fariseus ! fariseus ! fariseus !
thaty, ando muito contente com minha produçao academica. algo q realmente nunca vi acontecer em relaçao a literatura. saco cheio.
livia, como eu disse: saco cheio. a literatura fede. atmosfera carregada de carpinejares e galeras demais pro meu gosto.
sahea, meu clone ! coragem eu tenho, saude eu vou inventando. e ainda vou usar aquela frase.
thais ... anarquia ? carnaval ? quem deixou vc entrar aqui ?
By Jorge Rocha, at 23:35
Depois quero ler o capítulo à parte sobre o laboratório. Não vai esquecer.
By Anônimo, at 00:00
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