O JORNALISMO MORREU !

março 07, 2006

Canibalize a mesmice

Ao velho amigo Jorge Rocha. Meu livrinho carregado de fúria contra a mesmice. Essa dedicatória, impressa no meu exemplar de Manifesto Canibal – livreto escrito por Petter Baiestorf em co-autoria com César Souza –, é um dos meus motivos de alegria neste começo de 2006. O livro foi publicado em 2004 pela editora carioca Achiamé e somente agora chega às minhas mãos, marcando a retomada de contato com Baiestorf, este maníaco do VHS, videasta hemorrágico – hahaha –, da Canibal Filmes responsável por pérolas trash como Eles comem sua carne, O Monstro Legume do Espaço, Gore Gore Gays, Zombio, entre outros vídeos que contentam aqueles que apreciam histórias que unem podreiras e críticas sociais.

Conheço Petter Baiestorf desde 1993, se não me engano. Na época, ele havia rodado seu primeiro vídeo, Criaturas Hediondas, uma pequena obra-prima da tosqueira nacional – que teve seqüência em 1994. Neste primeiro trabalho, já era possível perceber uma vontade férrea em primar pela condição de realizador autoral, assim como um incipiente ideário que não se curvaria com o passar do tempo. Manifesto Canibal reúne alguns artigos que comprovam esta característica de Baiestorf, unindo descontentamento com a produção cinematográfica tupiniquim, loas à Boca do Lixo, pequenas práticas subversivas – que outras pessoas talvez prefiram chamar de “terrorismo poético” – e, sobretudo, a persistência sempre bem-vinda em não se acomodar.

No livreto, tais aspectos são bem evidenciados em capítulos como Kanibaru sinema ou métodos para fazer filmes sem dinheiro, Como realizar atos de desobediência e subversão em mostras de cinema oficiais, Nordestern e o triunfo do cinema nacional. Destaco, sobretudo Deus vs cineastas vs críticos vs videastas vs pseudo-intelectuais vs personagens vs a total falta de público – um dos meus prediletos, onde Baiestorf monta um diálogo com citações de Mojica, Jairo Ferreira, Bakunin, Burroghs, Bukowski, entre outros malacos.

Um leitor despreparado pode considerar os textos algo exagerados e/ou extremamente juvenis. Para estes, eu recomendaria uma nova leitura, tencionando “descascar” camadas, de preferência. Porque, simplesmente, por trás deste curtidor do avacalho – como Baiestorf gosta de se denominar –, há um digno exemplar de ser pensante, que sabe manipular a contento escracho, petulância e provocação.

E, ao final deste texto, me veio uma lembrança acerca do nosso respeito mútuo. Em Blerghhh, uma das gurias da quadrilha de sádicos está vestindo a camisa do Mão Única ?, fanzine que editei no começo dos anos 90 – época em que cheguei a escrever uns textos para Arghhh, uma das publicações canibal. Preciso colocar em prática um modo de retribuir esta consideração.

3 Comments:

  • empresta meu livro presse cara!
    :>)

    By Blogger Biajoni, at 16:02  

  • o link q vc colocou p/ Canibal Fimes n/ está ok - eu clikei p/ ler/ver tudo pq bateu interesse -> + ainda depois q vi o cap: Kanibaru sinema ou métodos para fazer filmes sem dinheiro e> refs à Boca do Lixo !!

    makeitworkoutokmodeOn flwz?

    By Anonymous Anônimo, at 10:42  

  • bia jones, vcs deveriam escrever um livro em conjunto.

    absinthe, o link estava funcionando. como está agora. melhor nao entender.

    By Blogger Jorge Rocha, at 10:54  

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